Cantor
Filho
de Félix José Guedes e Perciliana Maria Constança. Seus avós,
ex-escravos tinham uma quitanda de artigos afro-brasileiros no Largo da
Sé. Sua mãe, conhecida pelo nome de Tia Perciliana, era baiana, donde
surgiu seu apelido, João da Baiana, para distingui-lo de outros Joões
do bairro. Foi criado na Rua Senador Pompeu, no bairro da Cidade Nova,
onde tomou lições de cartilha com D. Maria Josefa. Na infância, teve
como companheiros os futuros compositores Donga e Heitor dos Prazeres.
Seus pais constantemente promoviam festas de candomblé, para as quais
deviam tirar licença com o chefe de polícia, pois na época o samba, a
batucada e o candomblé eram manifestações proibidas. Sua mãe teve 12
filhos, todos baianos, exceto ele. Um de seus irmãos - O Mané - era
palhaço do Circo Spinelli e tocava violão e cavaquinho. Uma de suas
irmãs tocava violino. Começou a compor sambas desde garoto. Sua mãe
apreciava os dotes do menino para a batucada, o candomblé e a macumba,
dotes que o destacavam de seus irmãos. Iniciou-se no pandeiro,
instrumento para o qual tinha grande aptidão. Segundo seu depoimento ao
M.I.S, que abriu em 1966 o ciclo de depoimentos para a posteridade, de
larga repercussão no Rio e em todo o país, "eu sempre me dediquei ao
pandeiro porque tinha amor ao ritmo. Os garotos formavam uma roda de
samba e eu é quem tocava melhor o pandeiro". Ainda menino, trabalhou no
circo como chefe da claque dos garotos que respondiam ao "Hoje tem
marmelada ? Tem sim senhor". Por essa época, passou a se dedicar à
pintura, uma grande paixão do compositor. Aos nove anos, ingressou como
aprendiz no Arsenal da Marinha. Deu baixa três anos mais tarde,
passando então a trabalhar no 2º Batalhão de Artilharia, como ajudante
de cocheiro sob o camando de Hermes da Fonseca, futuro Marechal e
Presidente da República. Em 1908, quando se apresentava na tradicional
Festa da Penha, teve seu pandeiro apreendido pela polícia. O senador
Pinheiro Machado, que era seu admirador e que freqüentemente promovia
festas em "seu" palácio no Morro da Graça, o convidou para uma dessas
festas e como ele não apareceu, quis saber o porque. Ao saber que o
instrumentista tivera seu pandeiro apreendido, resolveu presenteá-lo com
um novo padeiro, que trazia a seguinte inscrição: "Com a minha
admiração, ao joão da Baiana - Pinheiro Machado". Com essa dedicatória
do senador, pode voltar por diversas vezes à Festa da Penha, como
integrante do Grupo do Malaquias, sem que a polícia fosse atormentá-lo.
Em 1910, passou a trabalhar no Cais do Porto, sendo promovido a
fiscal, em 1920. Por esse motivo, não acompanhou "Os oito batutas" à
Paris, pois não queria trocar seu emprego certo pela aventura.
Aposentou-se em 1949. Casou-se e teve dois filhos que morreram ainda na
infância. Em 1972, foi recolhido à Casa dos Artistas, em Jacarepaguá,
onde morreu dois anos depois.
Fonte: DicionarioMpb
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