Francisco Alves


Cantor 
Cantor e compositor nascido no bairro carioca da Saúde. Filho do comerciante português José Alves e de Isabel. O pai veio para o Rio de Janeiro onde abriu um botequim e alguns anos mais tarde trouxe a esposa e a filha. Passou uma infância tranquila nas ruas de seu bairro e aos nove anos de idade a família mudou-se para a rua Evaristo da Veiga onde passou a frequentar o colégio. Por essa época, costumava assistir aos ensaios das bandas de música de Batalhões da Polícia Militar situados na vizinhança, e também já demonstrava o gosto pelo canto. Começou a aprender violão com a irmã Nair, de quem ganhou de presente o primeiro violão
1916
Empregou-se na fábrica de chapéus Mangueira onde permaneceu por aproximadamente um ano. Três anos mais tarde, perdeu o pai , as irmãs se casaram e passou então a viver em companhia de sua mãe. Decidido a ser cantor, fez seu primeiro teste com o maestro Antônio Lago, pai do ator Mário Lago. Foi aprovado, mas ainda assim preferiu tomar aulas de canto com o barítono Sante Athos por um período de três meses.

1918
Foi admitido na Companhia João de Deus-Martins Chaves que ocupava o Pavilhão do Méier, indo pouco depois para o circo Spinelli.

1919
Gravou seu primeiro disco através do selo Disco Popular, de João Gonzaga, filho da pianista e compositora Chiquinha Gonzaga. Acompanhado por Sinhô e tendo como coristas suas sobrinhas e seu amigo Juvenal Fontes, gravou as músicas Pé de anjo e Fala meu loro, ambas composições de Sinhô que fariam sucesso no carnaval de 1920. Nesta mesma gravadora, que permaneceu em atividade por apenas um ano, Chico gravou mais três discos, que não fizeram sucesso. Enquanto sustentava-se com seu trabalho como taxista, mantinha suas apresentações em teatros onde recebia por noite de trabalho. Por essa época, atuou com a Companhia Batista de Oliveira (pai da atriz Amélia de Oliveira), no Politeama de Niterói. A convite do empresário José Segreto, apresentou-se com a Companhia de Teatro São José, ao lado de Otília Amorim e Vicente Celestino, cantor a quem imitava.

1920
Passou a trabalhar como chofer de táxi. Neste mesmo ano, casou-se com Perpétua Guerra Tutoya "Ceci", de quem se separou pouco depois. Conheceu Célia Zenatti, que seria sua companheira por um período de 20 anos.

1924
Gravou na Odeon dois discos de carnaval, com um samba de Sebastião Santos Neves, intitulado Miúdo e duas marchas de Freire Júnior, Mlle. Cinéma e Não me passo pra você hoje raríssimas.

1927
Levado por Freire Júnior tornaria a gravar na Odeon, dessa vez 11 discos seguidos que alcançaram o sucesso . Tornou-se a maior estrela da gravadora, firmando-se como recordista em gravações e vendagem de discos. O cantor se tornou o maior lançador das músicas de Sinhô, que se consagraria como o grande compositor da década de 20. O destaque para o ano de 1927 ficaria para a gravação de Ora vejam só, de Sinhô, samba carnavalesco que o cantor iria regravar posteriormente. Foi o primeiro artista brasileiro a gravar pelo sistema elétrico, inaugurado pela Odeon em julho de 1927, com a gravação de duas composições de Duque, o samba Coisas do má e a marcha Albertina. Manteve-se na Odeon transferindo-se pouco depois para a Parlophon (subsidiária da primeira), momento em que adotou o pseudônimo de Chico Viola.
1928
Fez sucesso com as gravações de Amar a uma só mulher, samba carnavalesco de Sinhô e A voz do violão, composição de sua autoria e de Horácio de Campos. Os versos da canção, foram compostos originalmente para a revista "Não é isso que eu procuro", encenada pela companhia de Jardel Jércolis. Não tendo alcançado sucesso, foram musicados por Francisco Alves, e a música acabaria por se tornar um marco na carreira do artista que a regravaria ainda mais quatro vezes. Nesse mesmo ano, conheceu a turma de compositores do Estácio, tendo ficado amigo de Ismael Silva, de quem gravou quase toda a produção. Passou ainda a "comprar" sambas desses compositores, dentre os quais Alcebíades Barcelos (Bide) de quem adquiriu o samba A malandragem. Por essa época, estreou no rádio, atuando na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

1930
Formou dupla com o cantor Mário Reis, alcançando grande sucesso. Gravaram juntos durante dois anos um total de 12 discos na Odeon, incluindo sambas como Se você jurar, de Ismael Silva e Nílton Bastos. Ainda em 1930, gravou Dá nela, marcha de Ary Barroso que foi destaque no carnaval, Dor de recordar, fox-canção de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano e do Hino a João Pessoa, composição de Eduardo Souto e Osvaldo Santiago.

1932
Excursionou a Buenos Aires com Mário Reis, Carmen Miranda, Luperce Miranda e Tute. No ano seguinte, assinou contrato com a Rádio Mayrink Veiga e destacou-se com a gravação de Fita amarela, de Noel Rosa, sua última gravação em dupla com Mário Reis, que fez grande sucesso no carnaval de 1933.

1934
Deixou a Odeon passando então a gravar na Victor. Nesse mesmo ano, fez sua primeira aparição no cinema, participando de "Alô, alô, Brasil", da Waldof-Cinédia, dirigido pelo americano Wallace Downey. O filme só estrearia em 1935, com roteiro de João de Barro (Braguinha) e Alberto Ribeiro. Ainda em 1934, excursionou ao sul do Brasil ao lado de Noel Rosa, Mário Reis e do pianista Nonô, que seria seu grande acompanhador.

1935
Lançou em seu programa na Rádio Cajuti o cantor Orlando Silva, que se tornaria ídolo nacional, durante anos ofuscando seu prestígio de grande cantor. Destacou-se, ainda, com a gravação do samba de Ary Barroso Foi ela , feita na RCA Victor.

1936
Mais uma participação no cinema no filme "Alô, alô, carnaval" dirigido pelo mesmo Wallace Downey, contando outra vez com a colaboração de João de Barro e Alberto Ribeiro e a produção do cineasta Ademar Gonzaga (proprietário da Cinédia). No filme, Francisco Alves cantou Manhã de sol, de João de Barro e Alberto Ribeiro. Nesse ano, destacou-se com a gravação da valsa Boa-noite amor de José Maria de Abreu e Francisco Matoso, composição que marcaria sua presença no rádio, sendo executada como prefixo e sufixo de suas apresentações. A valsa foi por ele regravada ainda mais duas vezes. Ainda como destaques do ano ficariam os sambas Favela e Na virada da montanha.

1939
Foi responsável pela primeira gravação de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, com arranjo antológico de Radames Gnatalli e que contaria com uma discografia das mais extensas na história da Música Popular Brasileira. Lançada por Araci Cortes na revista "Entra na faixa", de Ari e Luís Iglesias e sendo inadequada à voz da cantora, a música não fez sucesso. Pouco depois, foi apresentada pelo barítono Cândido Botelho no espetáculo "Joux - joux e balangandãs". A primeira gravação da música foi realizada por Francisco Alves no disco Odeon 11.768-A, com acompanhamento do piano de Radamés e sua orquestra.

1940
Participou do filme "Laranja da China", da Sonofilmes e transferiu-se para a gravadora Columbia onde até o ano seguinte gravou um total de 14 discos.

1941
Dois anos após o lançamento de Aquarela do Brasil, fez sucesso com a gravação de Canta Brasil ( Alcir Pires Vermelho e David Nasser), que consolidaria o prestígio do gênero samba-exaltação. Sobre a música, Alcir contava que "fez a melodia numa viagem de bonde do Centro à Tijuca depois de receber a letra de Nasser num encontro casual na Avenida Rio Branco. Canta Brasil foi gravado por Francisco Alves na Odeon, com acompanhamento da Orquestra da Rádio Nacional. Nesse mesmo ano, alcançou grande êxito com a valsa Eu sonhei que tu estavas tão linda, de Lamartine Babo e Francisco Matoso. Em julho de 1941, retornou à Odeon, gravadora onde permaneceu até 1952, ano de sua morte.

1944
Reapareceu no cinema, participando dos filmes da Cinédia "Berlim na batucada" e "Caídos do céu". No ano de 1946, alcançou sucesso nacional com a gravação de Minha terra, canção de Valdemar Henrique. Composta em 1923, a canção teve outras duas gravações, mas só se tornou sucesso a partir do registro de Francisco Alves.

1945
Seus êxitos foram as gravações de Adeus, cinco letras que choram, de Silvino Neto e Nervos de aço, de Lupicínio Rodrigues, samba-canção no estilo "dor de cotovelo", que voltaria ser sucesso na década de 70, em regravação de Paulinho da Viola.

1948
Apaixonou-se por Iraci, sua companheira dos últimos quatro anos de vida. O destaque aconteceu com o samba Falta um zero no meu ordenado, de Ary Barroso e Benedito Lacerda, e pouco depois com os sambas-canção Quem há de dizer (Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves), Esses moços (Lupicínio Rodrigues) e Caminhemos (Herivelto Martins).
1949
Lançou o samba Chuvas de verão, de Fernando Lobo, que se tornaria um clássico, sendo recriada na voz de Caetano Veloso, em 1969. Dentre os sucessos que se seguiram, destacam-se Maria Rosa (Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves - 1950) e a marcha Retrato do velho (Haroldo Lobo e Marino Pinto - 1951, que marcou o retorno de Getúlio Vargas à Presidência da República).
1952
Morreu vitimado por um acidente na Estrada Rio-São Paulo. Voltando de uma viagem à capital paulista, tendo ao lado o amigo Haroldo Alves , o carro (um Buick) por ele mesmo dirigido foi atingido por um caminhão que vinha na contramão e o cantor morreu instantaneamente, próximo à cidade de Pindamonhangaba (SP).

No trajeto até o Rio de Janeiro, o caixão foi sendo recoberto de flores pelo povo. Um dos mais famosos cantores brasileiros de todos os tempos, teve uma carreira de 35 anos ininterruptos de atividade.

1955
A Atlândida-Argentina-Sonofilms" fez o filme "Chico Viola não morreu", baseado na história de sua vida, com Cyl Farney no papel do cantor.
Fonte: Collectors

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